sábado, 23 de junho de 2012

Os pratos de porcelana e a coerência

Conta a história informal da revolução cubana, que o comandante Ernesto "Chê" Guevara, em uma visita à antiga URSS, foi tomado pelo mesmo asco de Cristo, diante dos vendilhões do templo, ao constatar que seus correligionários russos haviam preparado para a ocasião, uma suntuosa mesa, e um refinado cardápio à ser degustado em pratos de porcelana. Diante de tal ostentação, o comandante teria indagado à seus anfitriões, se o proletariado daquele país também comia em tão nobres pratos.


Este emblemático episódio explicita bem o espírito coerente deste homem, que dedicou sua vida a causa socialista e que, sem dúvida alguma, entendia bem a necessidade de harmonia entre o discurso e a prática.

Em nossos dias, o desalinho entre fala e comportamento, no antro de nossa sociedade viciada, é regra e não exceção. As práticas de corrupção, que tanto execramos nas altas esferas do poder, praticamo-las tais quais ou semelhantes nos menores detalhes de nosso quotidiano. Não somos melhores que os políticos que maldizemos, quando solicitamos "favores" à nosso amigo funcionário público, quando furamos uma fila porque estamos atrasados, ou mesmo, quando abandonamos o papel de bala pela janela do automóvel e depois protestamos contra as enchentes. E nossos governantes, serão sempre tal e qual o reflexo da sociedade no espelho.

Fico pensando, se todos os convidados do Fausto Silva fossem tão elegantes e sinceros, "tanto no profissional, quanto no pessoal", como ele afirma, a revista "Caras" seria, "mais do que nunca, hoje", um manual de integridade e ética.

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