segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Sábias lições do satanismo de Anton Lavey

Sábias lições do satanismo de Anton Lavey

Não sou adepto nem tão pouco simpatizante da obra ou dos seguidores de Anton Lavey, líder de uma ordem satanista bastante difundida no mundo desde o século XX, contudo, penso que seja sempre uma atitude saudável estudar sobre o que crêem outros seres,  despido de  quaisquer preconceitos. Sem exceção, todas as religiões  espiritualistas ( fundadas sobre conhecimentos iniciáticos ligados ao contato com dimensões extra materiais )  foram discriminadas e/ou mesmo perseguidas e seus membros muitas vezes vítimas de pré julgamentos diversos, principalmente por parte de seguidores das tradições religiosas judaico cristãs ocidentais. O Satanismo da ordem de Anton Lavey certamente não escapou desses estigmas e possivelmente, por ousar a de alguma  forma fazer  apologia ao arquiinimigo cristão, foi dilacerado ante a opinião pública e com certeza vítima de injúrias e mentiras diversas.

 A era da informação e de suas tecnologias, que hoje nos permite acessar informações das mais variadas fontes sobre qualquer tema e que pouquíssimo mantém oculto da ação humana, vem também trazer luz sobre diversos temas, entre outros vem também esclarecer conceitos religiosos diversos, que por séculos viveram no desconhecimento e que por isso foram alvo de diversas versões especulativas a seu respeito. E foi navegando, ciceroneado por minha curiosidade, que dia desses parei numa página de algum seguidor de Lavey, onde encontrei informações sobre algumas das crenças deste peculiar grupo religioso. Entre os escritos postados nesta página me chamou bastante a atenção a lista com os 11 mandamentos (nada muito original, pois é) do Satanismo,  de Lavey. Não vou citar todos aqui para deixar algo para quem ficou curioso dar uma pesquisada, mas posso assegurar que são todos bastante originais e por incrível que pareça, no âmago de suas resoluções, às vezes concordam com as célebres 10 leis mosaicas e, até creio que inspirem menos ódio ou violência que os escritos do Velho Testamento. Pois bem, os membros da igreja de Satan pregam o desenvolvimento pessoal e a rejeição da conformidade do rebanho, e é por isso que cada satanista busca encontrar de forma independente seu próprio caminho e a auto definição. O primeiríssimo mandamento diz respeito a manter uma atitude discreta em relação ao mundo e nesse caso NÃO DAR CONSELHOS OU OPINIÕES A MENOS QUE ALGUÉM LHE PERGUNTE. Nossa, nem consigo pensar agora em tantas situações em que essa valiosa  “dica” pouparia muita gente de enormes constrangimentos e/ou muitos outros problemas. Sempre achei que saber ficar calado quando não se sabe ou quando não se tem nada pra dizer, é sinal de grande inteligência, assim como evitar jogar pérolas aos porcos ou recitar poemas para uma platéia surda. O segundo mandamento também exorta, aos que falam demais , a aprenderem a manter suas bocas fechadas, tal é o valor dado a atitude discreta do adepto. O terceiro  e o quarto  dos mandamentos do “ardiloso”,  dizem respeito a como se comportar na casa dos outros e a como permitir que se comportem na sua. Como muitos dos mandamentos bíblicos, a lei é escrita de forma contundente, e orienta o iniciado o que este deve fazer no caso de seu descumprimento. No caso do quarto mandamento, ele orienta o seguidor a ser duro com o hóspede que não respeita a boa hospitalidade de sua casa. Muito justo, em minha opinião. Dá pra resumir assim, o cara vai na tua casa, come tua comida e ainda te tira pra louco ou meche com tua mulher, tem mesmo é que tomar porrada e ser escorraçado. O 5° orienta contra a prática do assédio sexual deliberado. O sexto fala sobre não roubar. O 9° desmente toda aquela boataria sobre sacrifício de crianças e orienta claramente a não prejudicar de qualquer forma crianças. O 10° fala sobre não matar animais, exceto para se defender ou para comer .O  11° reza que se alguém encher teu saco na rua, peça para ele parar de fazer isso e caso ele persista nessa atitude insidiosa, destrua-o. Nada que deva causar espanto ou repulsa no caso de qualquer leitor contumaz do Velho Testamento. Os outros mandamentos do Satanismo e mais posicionamentos surpreendentes desse grupo religioso,  para quem como eu, por preconceitos diversos ou por ignorância , cultivou qualquer tipo de receio ou aversão a alguma manifestação religiosa, podem ser estudados os desvelados, em grande parte nessa biblioteca, com certeza maior que a de Alexandria,e a prova de fogo chamada internet. Pronto, é o fim das desculpas para quaisquer estultícias que nos conduziram até esse século e, quem sabe, navegando nessas águas cheguemos tão longe que talvez um dia até tomemos conhecimento de nós mesmos. E quem sabe, também, o diabo não é tão feio quanto/quando se pinta.

domingo, 24 de dezembro de 2017

Fim de ano / 2017

O natal e o ano novo deixam os cães e os burgueses muito agitados.

O passado é uma roupa que não nos serve mais

O passado é uma roupa que não nos serve mais

Por mais que nos custe admitir, e que nossas tendências astrais e outras nos levem ao apego, o Belchior, novamente lembrado no título desse amontoado de palavras, tem toda razão, quando fala que muitas coisas/pessoas que já fizeram parte de nossa vida, já que no presente a mente e o corpo são diferentes,  hoje, elas não nos servem mais. Eu, pessoalmente, já tô legal, pelo menos por esta vida , de muita gente que em algum momento dela até teve alguma importância nela.
 Mais que enjoar da cara desse povo, essa distância que agora cultivo, é mais uma necessária  estratégia para a manutenção do meu nível energético. Acontece que, dentro do ciclo natural da evolução de nosso espírito humano (e/ou anterior a essa existência humana), assumimos diferentes estados vibracionais nas diversas fases de nossa vida, que repelem ou atraem outras existências (pessoas) de acordo com as vibrações destas e que, naturalmente, ao passarmos para estados vibracionais/emocionais diferentes (superiores ou inferiores), essas companhias adquiridas/contraídas no período anterior parecem já não caber no nosso momento atual de vida/existência. Às vezes, não cabem mais porque elas adensaram demais seus comportamentos/pensamentos ou porque nós sutilizamos demasiadamente nossas atitudes/idéias, ou vice versa. Qualquer que seja o caso, não há culpa de nenhuma das partes e nem tão pouco há motivo para constrangimentos quanto a esse afastamento.
 Esse, também não significa uma separação eterna. Assim como em determinado momento, uma afinidade ou circunstância qualquer te uniu a alguém e em seguida uma nova situação ou divergência quaisquer os separou, pode muito bem acontecer, que nessa mesma vida ( ou em outra), novas perspectivas históricas tornem a uni-los em torno de novos interesses em comum. Isso depende mais do tempo que as fichas de cada um levam pra cair. Você já tá de saco cheio de baladas e sua amiga ainda não. Talvez uma hora o saco dela(saco, no seu sentido figurado, obviamente) também se encha de baladas(festas,noite,etc) e aí você volte a aproximar-se delas porque agora vocês duas são mães, por exemplo. Mas, sei lá, é um mundo tão grande que não faz muito sentido, ao menos para mim, sonhar ou mesmo pensar com reencontros astrais/carnais improváveis, diante da perspectiva de tantos novos encontros que certamente  nos trarão novos olhares. Além do mais, certas relações, criadas e muitas vezes mantidas tendo vícios (de qualquer tipo) como elo comum, tendem a retornar com o mesmo elo como base forte e assim te fazer regredir ou invés de evoluir nos  seus caminhos.

 Uma separação física ou a manutenção de uma distância física/espiritual não significam também, necessariamente, o fim do vínculo de afeto a que denominamos amizade. Pelo contrário, muitas vezes, esse “tempo” longe da pessoa pode ser positivo e até mesmo fortalecer esses laços. Qualquer relação sofre a influência do tempo e um desgaste natural em função deste e, muitas vezes precisa de um período de “descanso” para recuperar sua “saúde espiritual”. O excesso, em qualquer situação, produz uma saturação, sempre prejudicial a renovação dos sentimentos, tão necessários ao equilíbrio das emoções e que produzem  a singularidade dos melhores momentos e mais ricas experiências de nossa existência. Sei que romper uma relação, principalmente as perenizadas pelo tempo,  não é fácil como deletar um amigo do Facebook. Também sei, que como diria o Humberto Guessinger, é sempre mais difícil dizer adeus, quando não há nada mais pra se dizer. Mudar sempre dói, mas não mudar, dói muito e, além do mais, precisamos todos, todos, rejuvenescer. 

sábado, 16 de dezembro de 2017

Na curva

O ano vira cinza
e simplesmente vai
è foda...é foda
Mas hoje todo mundo
quer dinheiro e paz
é moda...é moda
Mas por dentro
ninguém muda amor
da noite pro dia
Mas por dentro ninguém
muda amor da água pro vinho
Todos deixam tudo
pra outro dia
Todos deixam tudo pra outro dia
Todos deixam tudo pra outra vida
O tempo faz a curva
e o agora ao Deus dará
Na lista... de espera
Acreditam tanto acham melhor parar
NA curva..na curva...

Só as mães são felizes

Só as mães são felizes

O objetivo da vida não pode ser a felicidade. Se assim for, tudo é permitido e rompem-se todos os limites possíveis entre o meu e o seu espaço. Cada um poderia fazer o que bem entendesse numa busca insana por um obscuro ideal de um sentimento de definição imprecisa e de caráter fugaz. Antes, a felicidade deve ser e só existirá de verdade, como conseqüência de um processo longo que necessariamente exige auto conhecimento.
Vivemos a era da procura da felicidade individual, seja ela o que for. A nova regra é a busca ilimitada da satisfação pessoal e do prazer a qualquer custo durante o tempo todo. As revistas, o cinema, a internet e a televisão vendem isso o tempo inteiro. É tudo para o “seu” conforto, para “sua “ comodidade, para “sua” satisfação. Assim, conforma-se uma sociedade hedonista e impaciente, avessa ao desconforto, a dor, ao trabalho e ao compromisso. Queremos tudo e queremos agora.
Mas, a felicidade parece cada vez mais uma cenoura presa por uma vara na cabeça de um jumento, que caminha atrás dela sem parar e sem nunca alcançá-la. É obvio que a felicidade nos impulsiona, tal qual a cenoura na cabeça do jumento. Mas para que, nesse caso, não sejamos os jumentos das revistas de moda e comportamento, é preciso vê-la sob outra perspectiva. É preciso, em primeiro lugar, como diria o velho Sócrates, conhecer a si mesmo. Mas, isso implica, necessariamente, em muitas decepções, principalmente consigo mesmo. A primeira delas é constatar que, em muitas situações, agimos como o jumento da cenoura. Quando  conseguimos enxergar isso minimamente e também minimamente corrigir esse comportamento, enfim, descobrimos que abre-se para nós um fundamental portal chamado lixeira.
Então é chegada a hora de pisar naquele pedalzinho mágico da lixeira e deixar ali nesse buraco negro todas as revistas de papo merda, folhetins, programações mentais e outras quinquilharias fúteis que compramos como mapas ou atalhos para a felicidade. Feito isso, seremos mais capazes de iniciar um mergulho interno atrás de um porto, onde estão os verdadeiros valores capazes de nos elevar como seres humanos. Precisamos entender que somos parte de um todo e que somente a busca pelo bem estar geral desse organismo indivisível, do qual fazemos parte, deve proporcionar genuína satisfação ao nosso espírito, sensação também denominada “felicidade”. O que não passar por esse caminho não é mais que qualquer  forma de ilusão material de natureza efêmera e incapaz de nos elevar enquanto seres espirituais que somos.
A verdadeira felicidade  definitivamente não está a venda nas melhores casas do ramo. Ela é sempre uma construção. Não deve, portanto, ser tratada como um objetivo, mas como uma conseqüência. É a recompensa de se andar por estradas insalubres, lutar com gigantes e de vencer a si mesmo.  O velho Cristo lançou o mapa verdadeiro dela, lá no Sermão do monte, quando disse que mais feliz é o doador do que o beneficiado. Todos os professores sabem disso. O Cazuza sabia disso quando afirmou que só as mães são felizes, porque indiscutivelmente são as entidades mais generosas do universo.
Então, desculpe se tropecei e derrubei seu pequeno castelo de idéias das areias desse micro cosmo judaico/capitalista/cristão(e não do Cristo)/ Ocidental. O mundo e você precisam ser mais felizes e todos precisam saber o que só as mães sabem.


Diou/Dez 2017

A esquerda no bosque dos coelhinhos

A esquerda no bosque dos coelhinhos

Os(as) companheir@s da esquerda são engraçados, em pelo menos dois aspectos desse adjetivo. São, com certeza, sujeitos cheios de graça, no sentido de serem, normalmente, pessoas bastante carismáticas, mas, também e muito, no que se refere a muitos de seus anedóticos comportamentos de quando estabelecidos no poder. Desde sempre acompanho ou procuro acompanhar de perto os movimentos da política nacional brasileira e especialmente os mandatos d@s companheir@s eleit@s de esquerda. Mandato de esquerda, no âmbito de um sistema econômico capitalista/financista, onde o dinheiro dita as regras e os resultados do jogo, é remar o tempo inteiro contra a correnteza mais forte do mundo. Assim, esses mandatos são representantes dos mais legítimos anseios populares e da classe trabalhadora, nessa injusta peleia contra o deus Mercado. Essa missão, exige deles grande habilidade política, concentração, contato constante com suas bases eleitorais e atenção às constantes oscilações do cenário político mundial e, tudo isso, sem acesso aos recursos financeiros e ao apoio midiático com que normalmente contam mandatos de direita.
Tudo isso, exige desses representantes da esquerda, uma postura muito mais séria e determinada que a dos políticos da direita. No entanto, o que muitas vezes observo, sem saber se choro ou rio, é que muit@s de noss@s companheir@s tem feito uso desses fundamentais espaços de representação da vontade popular, não de forma corrompida(na maioria das vezes),  mas com certeza com posturas aquém do que essa luta exige.
Millor Fernandes costumava dizer que o poder é um camaleão ao contrário, que confere sua cor a tudo em sua volta . Esse processo é uma tese de fácil comprovação. Basta olhar um pouco aí a sua volta e observar a diferença de postura de muit@s de noss@s companheir@s antes e depois de suas eleições. O cara ( a guria), desde o movimento estudantil, possui uma retórica contundente e devastadora. Uma capacidade inata de inflamar multidões. Entra no Partido e demonstra excepcional habilidade nas relações internas e, em suas relações políticas facilmente constitui um grupo de leais soldados ( ou melhor, aguerridos correligionários). Amplia suas forças como líder de um movimento social/popular que passa a constituir sua base eleitoral. Elege-se com uma campanha política em que aparece como um(a) feroz guerrilheir@ cuban@, com direito a foice na mão, camiseta do Che Guevara e boné do MST na cabeça. Agora, ele(a)  finalmente chegou a Câmara e tem seu próprio gabinete. Tá ali sua nova trincheira, o quartel general de sua revolução. É parecido com a sala do Grêmio Estudantil, porém com uma decoração um pouco mais sofisticada. Lembra muito as salas do Sindicato, porém um pouco menos insalubre. Quase igual ao Cômite de seu heróico grupo político, mas um pouco mais limpinho e organizado. Ah, é claro, também tem esse maravilhoso ar condicionado que deixa todo esse duro passado lá bem do lado de fora, e permite que @ noss@ agora “ companheir@ eleit@” troque suas surradas camisetas de movimento por uma vestimenta mais adequada a sua nova posição. Mas ele(a) acabou de chegar, ainda é uma fera selvagem  numa loja de cristais. Serão necessários uns, vamos exagerar, dois meses para que seu surrado traseiro adapte-se às confortáveis e anatomicamente perfeitas cadeiras do gabinete. Mas noss@ herói(roína) ultrapassa rapidamente as melhores expectativas de Darwin e em tempo recorde demonstra em si mesmo todo poder da seleção natural. Já trafega com destreza por todo aquele emplumado ambiente, começa a perder o caninos e compreende que sua nova arma naquele lugar está nas mãos e na sua graciosidade. Ciente de seu novo poder, agora distribui apertos de mãos, tampas nas costas e sorrisos. Agora freqüenta versinages, pomposos  jantares e os mais “bem freqüentados”  gabinetes . Já descobriu o caminho para a máquina de café todas as bocas-livres que aquela nova posição lhe proporciona. Já foi capturad@ e engolid@ por uma fera, que ele(a) conhecia bem, e ainda nem notou.
Esta é na verdade uma crônica sobre como o Homo Sapiens adapta-se rapidamente ao conforto e esquece todo o resto, incluindo o que veio fazer e quem o trouxe até aqui. Quem nunca foi numa festa,  com um amig@ e apenas um convite, deixou @ amig@ no lá de fora esperando um sinal para que ele(a) também pudesse entrar e acabou se envolvendo com a festa e esquecendo @ amig@. É humano, não dá pra culpar ninguém por isto. Todavia, como insistia em pregar e praticar o Comandante Che, uma disciplina dura é pré requisito para um revolucionário. Quem não é de mar que fique na areia. Um representante das históricas lutas populares até pode usufruir certos luxos, mas não entregar-se a eles, de forma a tornar-se relapso ou mesmo pouco produtivo nessa verdadeira guerra que só quem tem calos nas mãos   até a camada mais funda da alma compreende plenamente.

Mas, essa é só mais uma das minhas moscas sem asas, destinadas a não ultrapassar o monitor. Este é apenas um desabafo, pra dizer que espero o que qualquer um espera de alguém em quem devotou alguma confiança, a ponto de designá-lo como seu representante. Enquanto isso, sei que os meninos seguem andando na Floresta dos lobos como se passeassem no Bosque dos coelhinhos.