domingo, 22 de setembro de 2019

Cultura e resistência em Esteio


Cultura e resistência em Esteio

Em tempos de governos com princípios neoliberais, expressos em severas medidas de austeridade econômica e ideais conservadores de inspiração fascista, as políticas sociais de distribuição de renda, os direitos humanos e as artes, enquanto representação dos valores culturais populares, são sempre as maiores vítimas e, nesse caso, Esteio não foge à regra.
No caso específico da Cultura, são muitos os retrocessos que a cidade tem sofrido nessa gestão alinhada com o neoliberalismo conservador dos governos estaduais e federais do Brasil. Apesar disso, Esteio mostra toda força de sua classe artística e resiste através de iniciativas que persistem e crescem ao longo dos anos, como o Rock na Praça e a Casa do Hip Hop de Esteio, entre outros que fazem contraponto a um governo reacionário e desligado dos reais valores da cultura popular.
Assim, cabe aos que percebem e entendem esses processos de esmagamento dos valores da cultura popular unirem-se para melhor resistir contra essas forças opressoras. E sim, eles são muitos, mas não podem voar.

Diou
Militante da Cultura
Whatsapp: 51985702867

The Voice, Festival de canções de Porto Alegre e o Apocalipse


The Voice, Festival de canções de Porto Alegre e o Apocalipse

Acontecem nessa penúltima semana de setembro de 2019 as etapas finais do 14° Festival de Canções de Porto Alegre. Quem já participou de alguma forma de um festival de canções inéditas, sabe a atmosfera mágica que esses momentos evocam, e as pérolas musicais virgens que só a pureza da arte imaculada pelo mercado pode proporcionar.
A proposta de um programa de televisão como o The Voice, está para a idéia de um Festival de canções populares, como as canções desse ano de 2019, nos seus melhores momentos, estão para o cancioneiro popular dos anos 70,80 e 90, no mundo inteiro. Não é possível uma comparação entre a pobreza das idéias dessa gente dos shoping centers do país e seus reality shows, e a verdadeira vida que emana desses momentos da expressão artística musical em seu estado mais puro, que são os festivais de música popular. A natureza  antagônica desses dois fenômenos, o simulacro criado pelo mercado para o mercado, que é o The Voice, e a manifestação legitima da cultura popular, ainda intocada pelas vis mãos do sistema, fica evidente na simples exposição de seus objetivos finais.Os festivais sempre existiram, e ainda existem, embora corram risco de extinção, como é o caso do festival de POA, dedicados a difusão e promoção de CANÇÕES, ou seja, de OBRAS DE ARTE, construídas a partir dos mais legítimos valores culturais de um povo, e destinadas a propagar e perenizar esse mesmos valores.Enquanto isso, o cenário midiático do The Voice propaga e promove o capitalista sonho de ser um super star, ou seja, estar acima dos outros, através de seu individualista slogam/título que busca premiar “A Voz”, em detrimento da multiplicidade de vozes, que não podem ser medidas e muito menos julgadas por critérios objetivos e, quanto menos, objetificadas conforme as demandas de uma indústria. E esse é o princípio do fim.
Canta certa profecia bíblica que “...quando a coisa repugnante que causa desolação estivesse de pé nos lugares santos, que todos corressem para os montes pois o fim havia chegado...”.Entre as milhares interpretações que esse texto já teve, gosto da seguinte. Nada me parece mais sagrado ou santo que um palco com um artista exibindo sua arte sobre ele. Nem nada me parece mais aviltante e repugnante que a invisível mão do mercado, transformando tudo em mercadoria e vendendo barato o que não tem preço. Então, quando a cultura musical de um povo,  que é, em minha concepção, a expressão máxima de sua alma,   passa a ser ditada por uma ferramenta do mercado, como no The Voice,  ao invés de ser construída pela  organização dos seus artistas, como nos Festivais, percebo que o profano invadiu um local sagrado, e aí , crianças, isso é só o fim.
Diou