segunda-feira, 30 de março de 2020

Declare guerra


Declare guerra a quem finge te amar

Desde 2010, talvez um pouco antes ou um pouco depois, mas especialmente após este ano, posso afirmar que as tensões sociais em torno da vida política nacional acentuaram-se e ganharam evidência nos grandes meios de comunicação em massa. Essa designação temporal que indiquei aqui, a partir de percepções pessoais, coincide com o fim do 2° mandato de Lula da Silva e com a eleição da 1° presidenta do Brasil. O momento era de ápice da crise econômica internacional e, extraordinariamente, um dos melhores momentos econômicos da história das classes populares no Brasil.
 Nesse contexto, aproveitando-se do, na época, recente advento das redes sociais, surge/ou aparece uma nova camada de comentaristas políticos. Eram na maioria, oriundos da popular tradição do comentário amador futebolístico esportivo de boteco e, munidos com os mesmos critérios desses democráticos espaços sociais locais, porém agora com alcance global. Até aí, poderíamos afirmar que vivíamos  um grande momento da vida democrática nacional, e que a multiplicidade de vozes legitimava nosso processo democrático e enriquecia nossas experiências sociais. Porém, todas nossas vãs esperanças e filosofias, que iam no sentido do louvor da pluralidade, logo caíram sem paraquedas em 2013, numa multidão de confusos revolucionários conservadores, influenciados pelos mais escusos interesses do mercado e retroalimentados por um sistema midiático perverso, tendo as redes sociais como elemento catalisador de toda essa “anarquia de mercado”. Pronto, estávamos de fronte para o abismo e fomos capazes de dar alguns passos a frente até 2020.
Nesse ínterim, o país teve todos os retrocessos possíveis em todos setores que imaginarmos, e aqui nenhum número me deixa  mentir. Além disso, na multidão de desinformados e de leitores equivocados, surge, no país dos banguelas, a “messiânica” figura sem dentes de Jair Bolsonaro e de sua horrenda trupe. E, apesar de toda a incredulidade dos ainda crentes no processo democrático, em 2018 temos que aceitar e procurar entender que o Sr. Bunda Suja sentará na cadeira da presidência. Sem mais nada o que fazer, só nos resta conceder a um apoiador das torturas do regime militar o “benefício da dúvida”, e suportar sua militância fascista e fascinada invadindo mais uma vez as redes sociais, com seu recém adquirido gosto pelas questões políticas, tecendo ou repetindo todo o tipo de barbárie como soluções para todos os assuntos da vida nacional. Até aí, lembrando que muitos desses apoiadores do Coiso eram meus parentes, amigos ou pessoas de vasta convivência, fiz todos os esforços possíveis para suportá-los, tentar demove-los de suas “certezas de para-choques de caminhão” e até tentar explicar questões sociais ou econômicas complexas, que entendi após muitas leituras e estudos, durante insuportáveis 20 minutos de uma cerveja. Vim até aqui, mas depois de 2020, e das barbaridades faladas e praticadas por essa abominação, que atualmente conduz o país, durante a mais severa crise de saúde de todo tempo que vivo, pra mim deu.
Extrapolamos  as divergências naturais do processo democrático . Agora estamos falando de diferenças de outro nível. Trata-se de uma crise civilizatória. De um retrocesso que nenhum democrata deve admitir, em direção a períodos ditatoriais desumanos e a outras épocas terríveis do processo civilizatório da humanidade. Não se trata mais de um assunto que possamos resolver e chegar a consensos, dentro de um processo democrático. Estamos falando de interesses e visões  inconciliáveis. Ultrapassam qualquer nível de divergência relacionadas a politicas econômicas de esquerda ou de direita, ou a diferenças passíveis de debate nas pautas morais há muito socialmente construídas por liberais e conservadores. Estamos falando de barbárie.
 Quando as posturas e decisões de um representante político colocam a vida de minha família, ou de qualquer outro ser humano em claro e sério risco, isto rompe o tecido do nosso contrato social e nos coloca como inimigos naturais. E, assim como eu provavelmente eliminasse ou me afastasse de qualquer fera selvagem ou situação  que oferecesse perigos a mim ou as pessoas que protejo, essa passa a ser minha nova posição diante desse “desgoverno” ou de seus apoiadores. Doravante, não tenho mais debates políticos e tão pouco diálogo com quem persiste no apoio desse inimigo público. Entendo e dispenso qualquer discurso sobre a radicalidade do meu. Estávamos nessa fase quando a vida dos meus ente queridos não corria perigo direto, já passamos disso. Daqui pra frente Jair Bolsonaro e seus apoiadores são meus inimigos. E você, que ainda está em dúvida, sedado por sei lá que processo anestésico, acorde! Quem te governa não presta!

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

2020


2020

No caderno de poesia
Numa noite de solidão
Uma criança sem medo
 dança na escuridão

A cidade não tem sentido
A saudade não vai parar
Seguem tocando velhas canções
De 1900 e sei lá

No walkman na bitenuvem
Que ameaça desabar
Não há emprego no Brasil
Não há lugar pra procurar

No rádio a onda do momento
No trono senta um jumento
Quem dorme amor com esse barulho
Galvão de novo quem vai aguentar??

Os portugueses levaram os mapas
E a América esqueceu onde está
Onde a internet chega
Cabral nem sonhou navegar
Mas onde Camões navegava
A NASA não ousa pisar


Mas a sala vip segue .
.preparando o carnaval
Feriado prolongado
 na assistência social

A barba cresce a testa  aumenta
Stones na turnê final

Ninguém mais acredita em nada
O caos edita o jornal

O pai dos pobres e o rei dos burros
Agora vão se digladiar
Será que é hoje o fim do mundo
2020..quando será?

terça-feira, 22 de outubro de 2019

Mas e daí, meu camarada? Como estão os negócios?

cada vez me sinto mais picareta...
isso tá incorporando em mim e cada vez me preocupo menos em me definir assim...
guarda isso pra quando eu for presidente do Brasil...kkkkkk
mas sério.. acordo todo dia querendo fazer tantas coisas que nem cabem no tempo disponível
também sinto saudades dos amigops e também tô sempre sem dinheiro pra procurá-los
Nesse exato momento eu caberia numa canção do Oswaldo Montenegro...quem sabe amanhã numa do Belchior e até chegarmos em Capricornio talvez tenha voltado pros Engenheiros do Hawaii
sempre esperando uma visita do amigo...e vc sabe..ningupém passa por aqui sem tocar um blues..então quando vir vem com assunto pra gravarmos reclamações pro you tube....mas qual era exatamente a pergunta...chega aí qualquer hora...abração

domingo, 22 de setembro de 2019

Cultura e resistência em Esteio


Cultura e resistência em Esteio

Em tempos de governos com princípios neoliberais, expressos em severas medidas de austeridade econômica e ideais conservadores de inspiração fascista, as políticas sociais de distribuição de renda, os direitos humanos e as artes, enquanto representação dos valores culturais populares, são sempre as maiores vítimas e, nesse caso, Esteio não foge à regra.
No caso específico da Cultura, são muitos os retrocessos que a cidade tem sofrido nessa gestão alinhada com o neoliberalismo conservador dos governos estaduais e federais do Brasil. Apesar disso, Esteio mostra toda força de sua classe artística e resiste através de iniciativas que persistem e crescem ao longo dos anos, como o Rock na Praça e a Casa do Hip Hop de Esteio, entre outros que fazem contraponto a um governo reacionário e desligado dos reais valores da cultura popular.
Assim, cabe aos que percebem e entendem esses processos de esmagamento dos valores da cultura popular unirem-se para melhor resistir contra essas forças opressoras. E sim, eles são muitos, mas não podem voar.

Diou
Militante da Cultura
Whatsapp: 51985702867

The Voice, Festival de canções de Porto Alegre e o Apocalipse


The Voice, Festival de canções de Porto Alegre e o Apocalipse

Acontecem nessa penúltima semana de setembro de 2019 as etapas finais do 14° Festival de Canções de Porto Alegre. Quem já participou de alguma forma de um festival de canções inéditas, sabe a atmosfera mágica que esses momentos evocam, e as pérolas musicais virgens que só a pureza da arte imaculada pelo mercado pode proporcionar.
A proposta de um programa de televisão como o The Voice, está para a idéia de um Festival de canções populares, como as canções desse ano de 2019, nos seus melhores momentos, estão para o cancioneiro popular dos anos 70,80 e 90, no mundo inteiro. Não é possível uma comparação entre a pobreza das idéias dessa gente dos shoping centers do país e seus reality shows, e a verdadeira vida que emana desses momentos da expressão artística musical em seu estado mais puro, que são os festivais de música popular. A natureza  antagônica desses dois fenômenos, o simulacro criado pelo mercado para o mercado, que é o The Voice, e a manifestação legitima da cultura popular, ainda intocada pelas vis mãos do sistema, fica evidente na simples exposição de seus objetivos finais.Os festivais sempre existiram, e ainda existem, embora corram risco de extinção, como é o caso do festival de POA, dedicados a difusão e promoção de CANÇÕES, ou seja, de OBRAS DE ARTE, construídas a partir dos mais legítimos valores culturais de um povo, e destinadas a propagar e perenizar esse mesmos valores.Enquanto isso, o cenário midiático do The Voice propaga e promove o capitalista sonho de ser um super star, ou seja, estar acima dos outros, através de seu individualista slogam/título que busca premiar “A Voz”, em detrimento da multiplicidade de vozes, que não podem ser medidas e muito menos julgadas por critérios objetivos e, quanto menos, objetificadas conforme as demandas de uma indústria. E esse é o princípio do fim.
Canta certa profecia bíblica que “...quando a coisa repugnante que causa desolação estivesse de pé nos lugares santos, que todos corressem para os montes pois o fim havia chegado...”.Entre as milhares interpretações que esse texto já teve, gosto da seguinte. Nada me parece mais sagrado ou santo que um palco com um artista exibindo sua arte sobre ele. Nem nada me parece mais aviltante e repugnante que a invisível mão do mercado, transformando tudo em mercadoria e vendendo barato o que não tem preço. Então, quando a cultura musical de um povo,  que é, em minha concepção, a expressão máxima de sua alma,   passa a ser ditada por uma ferramenta do mercado, como no The Voice,  ao invés de ser construída pela  organização dos seus artistas, como nos Festivais, percebo que o profano invadiu um local sagrado, e aí , crianças, isso é só o fim.
Diou


segunda-feira, 24 de junho de 2019

O trem da história

Eu devia saber
muitos outros virão
serão homens de bem
ou de revolução
Eu devia sentir no luar do sertão
a história é um trem
e eles não passarão
Pela lua cheia
Pelos homens de Lampião
Pela sede de vingança
dos fantasmas do sertão
E o velho cangaceiro
que é juiz no sertão
segue a lei de sua adaga
morte por traição
Nos olhos de Zumbi
a fúria de Xangô
Pelo senhor do trovão
Eles não passarão
Pela lua cheia
Pelos homens de Lampião
Pela sede de vingança
dos fantasmas do sertão

domingo, 2 de junho de 2019

O capitalismo 1

Capitalismo é uma criança egoísta e arteira, que cedo ou tarde vai fazer merda. Aí precisa de alguém(o Estado) pra limpá-la, que o diga Roosevelt em 29. Aqui, a função do Guedes é garantir que o Estado não gaste com a merenda dos pobres para poder comprar fraldas quando ele se cagar.