sábado, 16 de dezembro de 2017

Só as mães são felizes

Só as mães são felizes

O objetivo da vida não pode ser a felicidade. Se assim for, tudo é permitido e rompem-se todos os limites possíveis entre o meu e o seu espaço. Cada um poderia fazer o que bem entendesse numa busca insana por um obscuro ideal de um sentimento de definição imprecisa e de caráter fugaz. Antes, a felicidade deve ser e só existirá de verdade, como conseqüência de um processo longo que necessariamente exige auto conhecimento.
Vivemos a era da procura da felicidade individual, seja ela o que for. A nova regra é a busca ilimitada da satisfação pessoal e do prazer a qualquer custo durante o tempo todo. As revistas, o cinema, a internet e a televisão vendem isso o tempo inteiro. É tudo para o “seu” conforto, para “sua “ comodidade, para “sua” satisfação. Assim, conforma-se uma sociedade hedonista e impaciente, avessa ao desconforto, a dor, ao trabalho e ao compromisso. Queremos tudo e queremos agora.
Mas, a felicidade parece cada vez mais uma cenoura presa por uma vara na cabeça de um jumento, que caminha atrás dela sem parar e sem nunca alcançá-la. É obvio que a felicidade nos impulsiona, tal qual a cenoura na cabeça do jumento. Mas para que, nesse caso, não sejamos os jumentos das revistas de moda e comportamento, é preciso vê-la sob outra perspectiva. É preciso, em primeiro lugar, como diria o velho Sócrates, conhecer a si mesmo. Mas, isso implica, necessariamente, em muitas decepções, principalmente consigo mesmo. A primeira delas é constatar que, em muitas situações, agimos como o jumento da cenoura. Quando  conseguimos enxergar isso minimamente e também minimamente corrigir esse comportamento, enfim, descobrimos que abre-se para nós um fundamental portal chamado lixeira.
Então é chegada a hora de pisar naquele pedalzinho mágico da lixeira e deixar ali nesse buraco negro todas as revistas de papo merda, folhetins, programações mentais e outras quinquilharias fúteis que compramos como mapas ou atalhos para a felicidade. Feito isso, seremos mais capazes de iniciar um mergulho interno atrás de um porto, onde estão os verdadeiros valores capazes de nos elevar como seres humanos. Precisamos entender que somos parte de um todo e que somente a busca pelo bem estar geral desse organismo indivisível, do qual fazemos parte, deve proporcionar genuína satisfação ao nosso espírito, sensação também denominada “felicidade”. O que não passar por esse caminho não é mais que qualquer  forma de ilusão material de natureza efêmera e incapaz de nos elevar enquanto seres espirituais que somos.
A verdadeira felicidade  definitivamente não está a venda nas melhores casas do ramo. Ela é sempre uma construção. Não deve, portanto, ser tratada como um objetivo, mas como uma conseqüência. É a recompensa de se andar por estradas insalubres, lutar com gigantes e de vencer a si mesmo.  O velho Cristo lançou o mapa verdadeiro dela, lá no Sermão do monte, quando disse que mais feliz é o doador do que o beneficiado. Todos os professores sabem disso. O Cazuza sabia disso quando afirmou que só as mães são felizes, porque indiscutivelmente são as entidades mais generosas do universo.
Então, desculpe se tropecei e derrubei seu pequeno castelo de idéias das areias desse micro cosmo judaico/capitalista/cristão(e não do Cristo)/ Ocidental. O mundo e você precisam ser mais felizes e todos precisam saber o que só as mães sabem.


Diou/Dez 2017

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