terça-feira, 4 de agosto de 2015

O que será que seria?



O que será que seria?

Não sei ao certo se os anos me podaram ou me poliram, mas acredito que sou hoje um cara muito parecido com o cara que minhas ex namoradas(quase todas) queriam que eu fosse. Também não cabe aqui julgamento sobre se estavam certas ou erradas. Acho que para o historiador cabe, sem juízo de valores, a compreensão do processo e do fim  resultante deste (a atual situação do objeto). Estando eu, hoje, contando 34 anos de vida, delimitemos nosso período de investigação aos últimos 14 anos. Chegamos assim a um homem adulto de 20 anos. Adulto seja talvez uma palavra muito forte para alguém que cruzou intensamente os anos  que seguiram à sua infância, e os viveu entregue a paixões que nunca tiveram fim. Consideremos então a fase  adulta, nesse caso, como uma mera referência à  convenção social dominante  no mundo ocidental acerca das fases etárias do ser humano, e não necessariamente como uma condição psíquica definida. Vivia eu, nesse caso, no início do período previamente estabelecido,  os últimos resquícios de uma adolescência povoada pelo embate empírico e teórico, provocado pelas  antagônicas experiências ofertadas por um mundo dividido em muito mais que dois lados, na busca da construção de uma identidade ideológica coerente ou compatível  com os acordes do coração. Vivia num épico sonho onde ainda haviam mais heróis que vilões,  e quando meu coração ainda se dava por satisfeito com estes simplórios resumos maniqueístas do universo. Eu vivia os anos 70 e 80 no fim dos anos 90,  e meu coração flutuava no contínuo espaço tempo com passe livre pra qualquer dia feliz. Eu era feliz e sabia disso. Talvez só não soubesse que passaria tão rápido. E ali estava eu, despertando lentamente desta bela noite de sonhos. Acordei, porém os sonhos seguiram me perseguindo durante toda a próxima década. A diferença é que a cada aniversário estes iam perdendo um pouco de brilho e adquirindo  um certo aspecto cruel que a vida é capaz de conferir à histórias que não chegaram encontraram um fim ou pelo menos um fim decente. Aí, a locomotiva dos dias, que não pode ser parada trouxe novas histórias,   que conviveram com as antigas que seguiam ali atravancando portas e gavetas. Jesus não veio me salvar, mas acho que mandou o Davi e o Lênin, meus filhos gêmeos que, de certa forma, me exorcizaram de boa parte desse passado me fazendo olhar paro o futuro. E  assim cheguei aos 34 anos,mais ciente  da vida e próximo da morte do que estava há 14 anos atrás e, se com minhas missões nessa existência ainda incompletas, pelo menos mais próximo de desvendá-las. Talvez, o único problema disto tudo seja que o gosto das minhas ex namoradas também tenha evoluído com o tempo e assim o que sou  já esteja defasado em relação ao que deveria ser (segundo estas hipotéticas opiniões). Neste caso, na impossibilidade de ser o que nunca serei, contento-me em ser o que me tornei  e feliz com quem me entender.

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